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- Avn a voz da nevoa

Marte, 700 anos depois do colapso ambiental total da terra: uma cidade brilha ao redor de florestas impressas e cidades iluminadas em castigo, na joia vermelha que os ídolos de metal e polímero dançam, vestidos das víscera e escalpo do homem comum. A chamada Distritos Humanos Unificados, eterna para todo cidadão psicotizado, pra cada prostituta e seu cafetão de aço, para as viúvas amparadas por afentamina, dermas e desespero, e jovens sem rumo que encontram na vida a eternidade breve da loucura. Dois Meia, nosso protagonista, por exemplo, nem sabia para onde ia, até que um dia, debaixo de uma chuva eterna, ele encontra um velho agonizado, percebendo que a eternidade é a coisa mais frágil de tudo que é humano e que nada criado por eles poderia antagonizar seu espírito: fosse os traficantes e seus membros biônicos, os tanques de organização social, a política que rege tudo isso, ou a mentira e a guerra que é contada vez por vez. Ele não se dobraria a nada, ele viveria para si mesmo e lutaria por cada migalha, mesmo que dançasse a música de outros, mesmo que estivesse na falange de tantos e que fosse, ao final, um atlas ornado de sílica, beijando bocas rotas de plástico.